Atendendo ao convite da coordenadora do CRAS Santa Maria, Ana Carolina Brito de Santana, a Secretaria Municipal do Respeito às Políticas para as Mulheres (SerMulher) participou de uma roda de conversa com moradoras da comunidade, nesta quarta-feira (3). Cerca de 30 mulheres estiveram presentes no encontro, que promoveu diálogos sobre diferentes formas de violência contra o público feminino.

Ana Carolina destacou a relevância de debater o tema, sobretudo no mês de agosto, período em que se intensificam as ações de enfrentamento à violência contra a mulher. “Convidamos a secretária da Mulher e sua equipe para tratar desse assunto tão necessário. Eu mesma fui vítima de violência doméstica e hoje tenho uma medida protetiva contra meu ex-companheiro. Sei, pela minha própria história, o quanto é urgente falar sobre isso e fortalecer essa luta para reduzir os índices de violência”, afirmou.
A secretária da SerMulher, Elaine Oliveira, reforçou a importância da solidariedade e da denúncia como formas de proteção e resistência. “As mulheres precisam se acolher e apoiar umas às outras. Precisamos criar a cultura de denunciar os diversos tipos de violência, seja aquela sofrida pessoalmente ou presenciada. Esse gesto pode salvar vidas. E a SerMulher está presente para apoiar, orientar e fortalecer esse combate”, ressaltou.

A técnica da SerMulher, Hellen Lira, explicou que a violência, na maioria dos casos, começa de forma silenciosa, atingindo primeiro o emocional. “Antes da agressão física, a violência começa no psicológico. O agressor isola a mulher dos amigos e da família, reduz sua autoestima e sua autoconfiança, até que ela perca a força de reação. É um ciclo de adoecimento mental que precisa ser interrompido com ajuda e acolhimento”, destacou.
Durante a roda de conversa, mulheres da comunidade também compartilharam suas vivências. A aposentada Selma Santos Pinto, de 75 anos, relatou que sofreu violência física do ex-marido. “Na época, morava em Salvador. Denunciei depois que ele me deu um tapa no rosto e, em seguida, o expulsei de casa. Trabalhei, criei meus filhos e segui a vida. A palestra de hoje foi muito gratificante, porque nos ensina ainda mais sobre a importância de combater a violência”, relatou.


Já a professora Aldemira Alves da Fonseca Santos reforçou a necessidade da união feminina no enfrentamento à violência doméstica. “Precisamos respeitar a nós mesmas e umas às outras, não permitindo agressões de nenhuma natureza — psicológica, física ou sexual. Quando um relacionamento não dá certo, a mulher deve buscar seus direitos e recomeçar, sem abrir mão da dignidade e da liberdade”, afirmou.
O encontro também fez referência ao Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, reforçando a ligação entre saúde mental e violência de gênero. Estudos apontam que muitas mulheres que chegam ao extremo de atentar contra a própria vida têm histórico de violência doméstica. A informação reforça a necessidade de acolhimento, políticas públicas integradas e fortalecimento da rede de apoio, para que mais mulheres possam superar o ciclo de violência e viver com dignidade.